Instituição de ensino bilíngue lançada em São Paulo valoriza o autoconhecimento, a autonomia e a independência

Imagine uma escola sem partidos nem ideologias, livre das amarras progressistas que impedem o desenvolvimento dos alunos. Nessa instituição de ensino, o objetivo seria preparar os estudantes para os desafios cotidianos. Não haveria espaço para doutrinação. Pelo contrário. O intuito seria libertar os jovens das correntes dogmáticas.

Mas tal iniciativa é real, não imaginária. Para combater a doutrinação ideológica de crianças, um casal de empreendedores da cidade norte-americana de Austin, no Texas, decidiu fundar o grupo Acton Academy. Desde 2008, Jeff e Laura Sandefer construíram 278 escolas em mais de 27 países. O projeto tem mais de 7,4 mil alunos.

As escolas do Acton Academy possuem três princípios:

  1. Learn to Be (Aprender a Ser): o estudante deve aprender a se autoconhecer, organizar-se e a conviver em grupo;
  2. Learn to Do (Aprender a Fazer): o estudante deve saber transformar conhecimento teórico adquirido em habilidades práticas para a vida; e
  3. Learn to Learn (Aprender a Aprender): o estudante deve aprender a buscar conhecimento de forma autônoma e estruturada.

Existem apenas duas escolas com tal metodologia no Brasil. A primeira foi fundada em 2020, em Ilha Bela (SP), e a segunda deve ser lançada neste ano, na capital paulista. Trata-se da Virtus, uma instituição de ensino bilíngue que segue os mesmos princípios do Acton Academy.

Com a palavra, a direção da Virtus:

  1. Acreditamos que toda criança é abençoada com um talento natural e que o descobrimento dessa aptidão é sua primeira grande missão; 
  2. Acreditamos que é na família em que se inicia a educação das virtudes e que a escola deve ser uma aliada nesta jornada; 
  3. Acreditamos em responsabilidade individual e não pactuamos com uma cultura que celebra ou estimula o vitimismo;
  4.  Acreditamos que o papel das escolas é o de guiar os alunos na busca pelo conhecimento e pela verdade, em um mundo em que o acesso à informação está na palma da mão; 
  5. Acreditamos que cultivar em nossos alunos as virtudes da coragem, perseverança, garra e dedicação é uma condição necessária na formação de indivíduos fortes, justos e solidários; e
  6. Acreditamos na liberdade de expressão, política, religiosa e econômica.
  7. As escolas do Acton Academy usam uma estratégia de ensino chamada Learner Driven, em que o papel dos estudantes na busca pelo aprendizado é fundamental. “Em vez de entregarmos respostas e conteúdos prontos, desenvolvemos os alunos para que busquem, pensem, reflitam e encontrem soluções para as matérias apresentadas”, informou o grupo educacional.

    Essas práticas seguem o Método Montessori, cujo foco principal é o aluno. Tal sistema pedagógico acredita que os estudantes não devem ser perseguidos, forçados nem dirigidos. Tampouco devem ser 

    recompensados, punidos nem corrigidos. Aqui, o intuito é respeitar o tempo de aprendizado dos jovens.

    O Acton Academy entende que sua metodologia de ensino é dependente do mais alto nível de responsabilidade individual. Esse vínculo serve para garantir que os alunos estejam aptos e dispostos a enfrentar os desafios cotidianos.

    Mas o que a Virtus pretende ensinar?

    1. Autogestão e autonomia (desenvolvimento da gestão de metas, tempo e auto-organização desde os primeiros anos);
    2. Trabalho em equipe e liderança (tarefas diárias em grupo, a fim de desenvolver o espírito de equipe a convivência em sociedade);
    3. Comunicação e clareza de raciocínio (amor pela leitura, pela escrita e pelo debate, para a formação do pensamento crítico e o desenvolvimento 
    4. das habilidades de comunicação); e
    5. Experiência no mundo real (atividades práticas, de maneira a incentivar a resolução de problemas reais e a busca de soluções, fomentando o espírito empreendedor).
    6. Para a Virtus, a sala de aula é uma espécie de mini sociedade civil. É nesse ambiente que a escola proporciona as condições necessárias para os alunos desenvolverem suas habilidades. “Nosso objetivo é criar as condições para o sucesso, minimizando problemas de distração que drenam energia e diminuem a produtividade”, explica a instituição. “É importante que as famílias estejam imbuídas do mesmo espírito, para que haja o crescimento dos alunos.”

      A instituição de ensino segue as normas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Mas há algumas diferenças das escolas convencionais. Exemplo: na Virtus, os alunos de 7 e 8 anos têm matemática, leitura e redação bilíngue durante a manhã. À tarde, precisam se dedicar a projetos multidisciplinares. Este último tem o objetivo de fazer os alunos explorarem possíveis situações reais.

      A inovação não para aí. Os estudantes ainda têm acesso à disciplina “civilization”, que inclui história, geografia, economia e filosofia. Os professores simulam eventos históricos e inserem os estudantes naqueles cenários, como se os jovens estivessem na posição dos personagens.

      Revista Oeste







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