Cunha diz que ex-ministro mandou retirar seu nome entre aqueles que receberam os alertas de inteligência anteriores ao 8 de Janeiro.
O ex-diretor-adjunto da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Saulo Moura da Cunha afirmou nesta 3ª feira (1º.ago.2023) que foi por ordem do ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) Gonçalves Dias que os relatórios da Abin foram alterados. No entanto, Cunha negou adulteração dos documentos durante a sessão da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do 8 de Janeiro.
“Eu não adulterei. Eu fiz os 2 relatórios. Eu fiz o 1º em uma planilha em que continha os alertas encaminhados pela Abin a grupos e continha ali também os alertas encaminhados por mim, pessoalmente, pelo meu telefone para o ministro-chefe do GSI“, disse o ex-diretor da Abin. “Eu entreguei essa planilha ao ministro e o ministro determinou que fosse retirado o nome dele dali porque ele não era o destinatário oficial daquelas mensagens, que ali fosse mantido apenas as mensagens encaminhadas para os grupos de WhatsApp“.
Cunha afirmou que seguiu as ordens do ministro. Disse ainda que a lei da Abin determina que o ministro é quem determina quais serão as informações encaminhadas às autoridades. Essa 1ª planilha, segundo o ex-diretor, foi arquivada na agência para fins de consulta. “Eu não adulterei [o relatório]”, disse Cunha ao ser questionado pela relatora da CPI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA). “[Eu retirei uma informação] por ordem do ministro“. A senadora classificou a ordem como “absurda“.
Os documentos sob responsabilidade do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) foram enviados para a CCAI (Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência). O 1º documento foi enviado em 20 de janeiro e não falava nada sobre alertas enviados ao agora ex-ministro. Já no 2º documento, de 8 de maio, constariam que G.Dias recebeu os alertas. Em junho, G.Dias afirmou que seu nome foi incluído indevidamente, já que nunca participou de reuniões da inteligência para discutir ações de segurança.
]Também segundo ele, ao chegar a solicitação do Senado para o envio das informações produzidas pela Abin relacionadas à data, o GSI encaminhou a demanda para a Abin, que “respondeu com um compilado de mensagens de aplicativo que tinha dia, tempo e, na coluna do meio, acontecido; e na última coluna, difusão. Esse documento tinha lá ‘ministro do GSI’”, disse. “Eu não participei de nenhum grupo de WhatsApp, eu não participo do grupo, eu não sou o difusor daquele compilado de mensagens, então o documento não condizia com a verdade. O documento foi acertado e enviado”, completou.
Apesar do pedido por uma oitiva secreta, a CPI decidiu ouvir Cunha em sessão aberta da comissão. Uma decisão da presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Rosa Weber, permitiu que o ex-diretor da Abin tivesse o direito a não responder questões relacionadas a informações de que tem conhecimento por força de sigilo funcional.
Poder 360