Aerolula comprado pelo petista em 2005 só leva até 39 passageiros e tem autonomia de voo reduzida; novo equipamento foi adquirido para uso militar por Bolsonaro, faz voos transcontinentais e terá aposentos maiores para Lula e Janja.

Depois de realizar 10 viagens internacionais, passar 26 dias fora do Brasil e fazer uma reunião em Brasília com líderes latino-americanos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 77 anos, decidiu trocar o avião que serve ao Palácio do Planalto. O petista testou e gostou de um equipamento maior e pediu que a FAB (Força Aérea Brasileira) faça uma reforma para adaptá-lo. O projeto inicial será apresentado ao presidente nesta 4ª feira (31.mai.2023) durante almoço com o alto comando da Aeronáutica.

O novo avião será um Airbus A330-200, comprado em 2022 pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) por US$ 80 milhões (cerca de R$ 400 milhões pela taxa de câmbio atual), da companhia aérea Azul. Substituirá o atual “Aerolula”, um Airbus A319CJ. O A330-200 havia sido comprado para uso militar, inclusive com a previsão de ser equipado para abastecer caças em voo. Há algumas restrições na FAB em relação a ceder o novo avião, mas Lula já decidiu e a troca será efetuada.

O objetivo principal e oficial é ganhar mais autonomia nas viagens presidenciais, especialmente as intercontinentais, o que daria a Lula também maior conforto. O Ministério da Defesa elaborou o projeto, que ficará a cargo da Aeronáutica. O “Aerolula” atual tem compartimentos para o casal presidencial (quarto e banheiro privativo, com chuveiro), mas é um avião mais apertado. No novo equipamento, o aposento com cama de casal será maior. E haverá também uma sala mais ampla para reuniões durante a viagem, quando Lula poderá receber os convidados para conversar.

Segundo o Poder360 apurou, o item mais caro a ser instalado deverá ser o sistema de internet a bordo. Isso porque toda a fuselagem teria de ser desmontada para que os cabos pudessem passar pela aeronave. Ocorre que esse item é imprescindível, pois o presidente não poderia passar até 12 horas sem ter como se comunicar com Brasília.

A atual aeronave presidencial tem capacidade de voo de cerca de 7.000 km. Já a substituta poderá percorrer o dobro de distância non-stop. Isso fará com que o presidente perca menos tempo em seus deslocamentos, já que poderá fazer menos escalas, especialmente nas viagens para a Ásia. Essas paradas costumam ser mais demoradas do que em voos comerciais. Por motivos de segurança, a checagem do jato presidencial é completa e não só para abastecer.

Quando foi à China, em abril, Lula fez escalas em Lisboa, Portugal, e Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, antes de chegar a Xangai. Na volta, partindo de Pequim, o presidente parou novamente nos 2 países. Os trajetos demoraram mais de 30 horas. Na viagem ao Japão, em maio, o chefe do Executivo parou na Cidade do México e no Alasca, Estados Unidos, antes de desembarcar em Hiroshima. Na volta, também parou nos mesmos lugares. Neste caso, o presidente e sua comitiva tiveram cerca de 26 horas de viagem.

Diante do longo tempo de deslocamento, integrantes do governo começaram a discutir uma solução. Com a idade avançada, Lula tem ficado muito cansado com as longas viagens, segundo relatos. O futuro novo avião presidencial também poderá aumentar o número de pessoas a bordo. Os aviões comerciais desse modelo, o A330, comportam até 268 passageiros e são geralmente usados pelas companhias aéreas para voos entre continentes. A versão do A319 usado por Lula, o VC-1, tem uma capacidade de levar até 39 passageiros em operações comerciais.

Atualmente, o “Aerolula” conta com uma cabine presidencial equipada com cama e um banheiro privativo para o presidente e a primeira-dama, Janja Lula da Silva. Há também uma área reservada com duas mesas e 8 lugares. Ali, o presidente pode ter conversas privadas durante o voo. Há ainda 16 poltronas para levar as principais autoridades que acompanham o presidente e a tripulação. Lula quer aumentar o número de convidados em viagens, especialmente deputados e senadores, para se aproximar do Congresso e para prestigiar aliados. Um avião maior será útil para essa estratégia.

Lula já usou o A330 para ir aos Estados Unidos em fevereiro quando se reuniu com o presidente norte-americano Joe Biden em Washington. Por ser um voo mais curto e rápido, o presidente optou por usar esta aeronave –mesmo não tendo cama a bordo. Ainda assim, foi uma correria nas vésperas da viagem para instalação de novos filmes de entretenimento para o presidente e seus acompanhantes assistirem durante o trajeto. Já na viagem à China, o A330 levou a comitiva de mais de 73 pessoas, dentre ministros e congressistas que acompanharam Lula na visita ao presidente chinês Xi Jinping, em Pequim. Mesmo tendo maior autonomia, o avião seguiu a aeronave presidencial e fez as mesmas duas escalas.

De acordo com integrantes do grupo, o avião partia sempre cerca de 2 horas depois de Lula. A diferença de tempo é uma medida de segurança para caso o presidente precisasse retornar para o ponto de onde decolou.

AEROLULA A atual aeronave presidencial foi comprada por Lula em 2005, no seu 1º mandato. Ela substituiu o então “Sucatão”, um Boeing 707, com a nomenclatura KC137, que havia sido comprado pelo ex-presidente José Sarney e usado pela Presidência de 1986 a 2005. É considerada uma aeronave militar. O avião foi batizado de Santos Dumont, mas é conhecido por seu apelido derrogatório, “Sucatão”, pois apresentou vários problemas durante os anos em que foi usado pelo Planalto. Além do “Aerolula”, o presidente tem à disposição uma frota de helicópteros e aviões de diferentes tamanhos. Todos são de responsabilidade da FAB (Força Aérea Brasileira) e integram o Grupo de Transporte Especial.

Poder 360

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