Desesperado com a possibilidade de ter seu governo descaracterizado pelo Congresso, Lula telefonou há pouco para Arthur Lira e lhe fez um apelo para que a Câmara aprove o texto da Medida Provisória que ampliou de 23 para 37 os ministérios
Desesperado com a possibilidade de ter seu governo descaracterizado pelo Congresso, Lula telefonou mais cedo para Arthur Lira e lhe fez um apelo para que a Câmara aprove o texto da Medida Provisória que ampliou de 23 para 37 os ministérios. Os dois devem se reunir pessoalmente ainda hoje. A votação é dada como certa, após orientação feita mais cedo pelo presidente da Câmara aos líderes partidários, que, em reunião com Lira, reiteraram a insatisfação geral com a postura do governo em relação ao Congresso. Um dos participantes da conversa relatou à Jovem Pan News que o risco de a MP ser derrubada é real.
O clima é o pior possível. Ontem à noite, o ministro Alexandre Padilha teve um encontro tenso com os deputados Isnaldo Bulhões (MDB), relator da MP, e Aguinaldo Ribeiro (PP), líder da Maioria. Padilha perguntou para Isnaldo qual era o preço para aprovar a MP: “Querem a minha cabeça? A do Rui Costa? A gente leva o pedido para o presidente e ele decide!”, vociferou. Os dois parlamentares não responderam. Pouco antes, haviam explicado que até integrantes da base do governo reclamam da articulação política. A percepção é de que o Palácio do Planalto não respeita os líderes partidários, tenta cooptar individualmente deputados e atropela qualquer articulação em bloco.
Após colher mais uma derrota na Câmara com a aprovação do Marco Temporal de terras indígenas, o presidente da República convocou uma reunião de emergência, hoje cedo, com Padilha, Rui Costa e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT). De lá, o ministro das Relações Institucionais seguiu para a residência oficial de Lira, onde intermediou a chamada com Lula. Ele chegou a aconselhar o presidente a apoiar o texto de Bulhões, que retira atribuições do Ministério do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas. O problema é que agora não há nem certeza de que o texto de Isnaldo será aprovado. “Nossas contas mostram que o governo pode ser novamente derrotado hoje na Câmara e não haverá tempo de reverter no Senado”, afirma um deputado da base.
Jovem Pan