Encontro mostrou que há divergências políticas e econômicas entre os países do grupo; integração regional defendida por Lula é complexa.

A 62ª Cúpula do Mercosul terminou nesta 3ª feira (4.jul.2023) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) elevando o tom das críticas à União Europeia, com o Uruguai se recusando a assinar a declaração conjunta final (íntegra – 94 KB) e divergências explícitas entre líderes sul-americanos sobre o retorno ou não da Venezuela ao grupo. O encontro foi realizado durante 2 dias em Puerto Iguazú, na Argentina. A cidade faz fronteira com Foz do Iguaçu, no Paraná, e com Ciudad del Leste, no Paraguai. O encontro entre os territórios é chamado de “tríplice fronteira”.

O hotel que recebeu os presidentes e ministros do bloco é o Gran Meliá. Fica dentro do Parque Nacional de Iguazú e próximo às Cataratas do Iguaçu. Está localizado a cerca de 20 km da fronteira com o Brasil. A vista deslumbrante serviu de cenário para as fotos oficiais dos chefes de Estado –como a acima. O Brasil assumiu nesta 3ª feira a presidência temporária do bloco. Fica até o fim de 2023. O comando do grupo é rotativo e as trocas acontecem a cada 6 meses. O presidente da Argentina, Alberto Fernández, passou o bastão a Lula. O brasileiro defende a expansão do bloco, com a adesão de mais países.

O Poder360 esteve em em Puerto Iguazú, na Argentina, e em Foz do Iguaçu para acompanhar as atividades de Lula e o encontro do Mercosul. Leia a seguir, um resumo do que foi debatido:

Mercosul X União Europeia — Lula voltou a classificar as demandas dos europeus como “inaceitáveis”. Afirmou que o Mercosul deve dar uma resposta “rápida e contundente” e que é “inadmissível” abrir mão do poder de compra do Estado. Declarou que o país não tem interesse em acordos que condenem a região ao “ao eterno papel de exportadores de matéria-prima” –o presidente argentino, Alberto Fernández, concordou. Uma contraproposta para a UE ainda será apresentada;

retorno da Venezuela ao bloco – não há consenso sobre a pauta. Brasil e Argentina querem evitar isolamento; Paraguai e Uruguai criticam a exclusão de opositores nas eleições e cobram posição mais clara. O país de Nicolás Maduro está suspenso do Mercosul há 7 anos; Uruguai de fora – o presidente Luis Alberto Lacalle Pou não assinou a declaração conjunta da cúpula. Ele criticou o protecionismo do Mercosul e disse aos seus pares do bloco que continuará as negociações do acordo bilateral entre Uruguai e China. É a 4ª vez que o país não ratifica o documento.

Vaca Muerta – o presidente brasileiro e o ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, se reuniram nesta 3ª feira. Segundo Massa, trataram do financiamento do BNDES nas obras do gasoduto Néstor Kirchner. Em junho, Lula se disse “satisfeito” com as “perspectivas positivas de financiamento”. A decisão de possivelmente financiar a obra no país vizinho é uma contradição do governo petista, que tem o meio ambiente como uma de suas bandeiras (entenda aqui);

moeda comum – Lula voltou a defender o uso de uma moeda de referência comum para transações internacionais entre os países do Mercosul. Na prática, a medida visa a desvincular exportações e importações da variação cambial do dólar. Haveria redução de custos, diz o petista;

regime de origem – o Mercosul concluiu a revisão do mecanismo que define as alíquotas de insumos nacionais ou regionais e importados para que um produto possa ser considerado de fabricação do bloco. Para o secretário-executivo do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Elias Rosa, a decisão facilitaria o comércio dentro do bloco e ampliaria as vendas para outros continentes.

Como ficou dividida a 62ª Cúpula do Mercosul: 1º dia (3.jul.2023) – foi realizada a reunião do Conselho do Mercado Comum do Mercosul, com a presença de ministros de Relações Exteriores e de economia. 2º dia (4.jul.2023) – foi realizada a reunião entre os presidentes dos países do bloco: Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. As demais nações da América do Sul foram convidadas como associadas.

Poder 360

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