Sem nomear culpados ou atacar as potências Ocidentais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou seu primeiro discurso em Bruxelas nesta segunda-feira (17) para criticar a guerra na Ucrânia.

A guerra no coração da Europa lança sobre o mundo o manto da incerteza e canaliza para fins bélicos recursos até então essenciais para a economia e programas sociais.

Ele afirmou também que "a corrida armamentista dificulta ainda mais o enfrentamento da mudança do clima".

Lula defendeu que, diante de "todos esses desafios, cabe aos governantes, empresários e trabalhadores reconstituir o caminho da prosperidade, da retomada da produção, dos investimentos e dos empregos".

O discurso ocorreu na abertura dos eventos empresariais que antecipam a Cúpula América Latina-Europa, programada para começar hoje na Bélgica.Lula defendeu que, diante de "todos esses desafios, cabe aos governantes, empresários e trabalhadores reconstituir o caminho da prosperidade, da retomada da produção, dos investimentos e dos empregos".

O discurso ocorreu na abertura dos eventos empresariais que antecipam a Cúpula América Latina-Europa, programada para começar hoje na Bélgica.

Em 2022, o mundo gastou em armamentos mais de US$ 2 trilhões, um recorde segundo o Instituto de Pesquisas pela Paz, de Estocolmo.

Quando marcou o primeiro ano da guerra, em fevereiro de 2023, a Ucrânia já havia recebido em ajuda ocidental mais de US$ 100 bilhões. O valor supera o que países ricos ofereceram aos emergentes para lidar com mudanças climáticas.

Lula, ao longo dos últimos meses, havia criticado abertamente os europeus e americanos por prolongarem a guerra ao fornecer armas. Ele também sugeriu que a responsabilidade pelo conflito não deveria ser apenas colocada nos russos — o que gerou indignação pela Europa.

Agora, de uma forma mais sutil, ele volta a tocar no tema. Mas, em plena capital da Europa, o presidente brasileiro optou por não apontar culpados.

A cúpula entre a Europa e a América Latina, de fato, vive um impasse. Nas negociações sobre a declaração final, a guerra na Ucrânia está impedindo que os governos cheguem a um acordo sobre os termos que serão estabelecidos na relação entre os dois continentes.

Os europeus querem que a declaração final cite a "guerra de agressão" contra o território ucraniano, denunciando abertamente a Rússia pelo ataque. Mas governos latino-americanos se recusam a aceitar os termos. A opção da América Latina é de que a declaração apenas mencione a "guerra na Ucrânia", sem apontar Moscou como culpado.

Governos como o de Cuba ou Nicarágua, contrários a qualquer gesto da Otan, sequer aceitam que o assunto entre na declaração final da cúpula, apontando que não se trata de um tema do encontro.

O Brasil, nos bastidores, também é contrário às referências de uma "guerra de agressão". Mas, diante das posturas maximalistas de europeus e dos governos bolivarianos, a diplomacia nacional tentará costurar uma posição intermediária que possa ser aceita tanto por europeus como pelos latino-americanos.

Desde o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a questão da guerra na Ucrânia dividiu europeus e a nova diplomacia brasileira. O Palácio do Planalto insiste em buscar caminhos para negociar uma saída diplomática para o conflito, posição que irritou as potências Ocidentais.

As propostas de Lula de criar um grupo para permitir uma facilitação para um acordo de cessar-fogo perderam força nas últimas semanas, diante da insistência de russos e ucranianos em apostar no caminho militar. Projetos de negociação liderados pela ONU, da China, de africanos e de intermediários do Vaticano tampouco prosperaram.


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