Viagem deve incluir África do Sul, São Tomé e Angola; agenda prevê cúpula do Brics e de países de língua portuguesa. Será a segunda viagem de Lula ao continente desde que tomou posse.
Esta será a segunda viagem de Lula ao continente africano desde que tomou posse, em janeiro deste ano. Há duas semanas, o presidente fez uma passagem rápida por Cabo Verde, arquipélago africano no Atlântico
No primeiro semestre, o presidente dedicou a maior parte da agenda internacional a viagens aos principais parceiros comerciais do Brasil e a cúpulas que envolveram países da região.
Nos dois primeiros mandatos como presidente (2003-2010), Lula viajou todos os anos, ao menos uma vez, para países da África.
Conselheiro de Lula à época, Marco Aurélio Garcia (que faleceu em 2017) era um defensor da diplomacia com o continente e ajudou o Brasil a abrir embaixadas na região.
Segundo fontes ouvidas pelo g1, Lula deverá cumprir as seguintes agendas no continente africano em agosto:
- África do Sul: Cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul);
- Angola: reuniões bilaterais com lideranças políticas;
- São Tomé e Príncipe: Cúpula da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) e reuniões bilaterais com lideranças políticas.
Ida a Cabo Verde e fala polêmica
No último dia 19, ao voltar da Bélgica, Lula teve um encontro com o presidente de Cabo Verde, José Maria Neves. Uma declaração após o encontro, porém, gerou polêmica.
"Eu quero recuperar essa relação com o continente africano porque nós, brasileiros, somos formados pelo povo africano. A nossa cultura, a nossa cor, o nosso tamanho, é resultado da miscigenação de índios, negros e europeus. E nós temos uma profunda gratidão ao continente africano por tudo o que foi produzido durante 350 anos de escravidão no nosso país", disse Lula na ocasião.
O presidente acrescentou que o "pagamento" ao continente deve ser ajudar os países africanos em áreas como industrialização e agricultura.
"Nós queremos agora, com a minha volta à Presidência, recuperar a boa e produtiva relação que o Brasil tinha com o continente africano", acrescentou.
Lula tem defendido que a África tenha algum representante no Conselho de Segurança da ONU e que a União Africana de Nações passe a integrar o G20.
Antecessor de Lula, o ex-presidente Jair Bolsonaro não visitou países africanos durante o seu mandato (2019-2022). Antecessor de Bolsonaro, o então presidente Michel Temer participou em 2018 da Cúpula dos Brics na África do Sul.
Estratégia diplomática
Diplomatas ouvidas pelo g1 explicaram que o governo adotou estratégias diferentes entre as viagens de Lula no primeiro semestre e no segundo semestre deste ano.
Isso porque, segundo essas fontes, o primeiro semestre foi focado nos seguintes aspectos:
- retomada de relações com os principais parceiros comerciais;
- retomada das discussões internacionais sobre mudanças climáticas;
- retomada da participação em organismos multilaterais.
Diante disso, Lula viajou para os seguintes países, por exemplo:
- China, Estados Unidos e Argentina (principais parceiros comerciais);
- França (cúpula sobre financiamento de ações climáticas;
- Argentina (cúpula da Celac), Japão (cúpula do G7) e Bélgica (cúpula Celac-União Europeia).
Para o segundo semestre, segundo diplomatas ouvidos pelo g1, o presidente Lula deverá focar as viagens:
- no aprofundamento dos debates internacionais sobre o clima;
- na retomada das relações do Brasil com os países africanos;
- no comando de organismos multilaterais.
Além das viagens para África do Sul, São Tomé e Príncipe e Angola, Lula também deve viajar neste segundo semestre para:
- Belém (Pará), em agosto, para a cúpula de países da Amazônia;
- Assunção (Paraguai), em agosto, para a posse do presidente Santiago Peña;
- Nova Déli (Índia), em setembro, para a cúpula do G20 (o Brasil presidirá o grupo a partir de dezembro);
- Nova York (EUA), em setembro, para a Assembleia Geral da ONU;
- Nova York (EUA), em outubro, para reunião do Conselho de Segurança da ONU (o Brasil presidirá o órgão durante o mês);
- Dubai (Emirados Árabes), em dezembro, para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28).
Oposição critica agenda
Desde a posse, Lula tem adotado a estratégia de intensificar as relações do Brasil com outros países.
A postura do presidente tem sido elogiada pela base aliada no Congresso, que vê o Brasil na condição de "protagonista" no cenário internacional. E criticada pela oposição, que afirma ver Lula "mais preocupado" com os problemas globais do que com os do país.
G1